Restos de Cozinha que Você Pode e Não Pode Usar no Jardim

Nem todo resíduo gerado na cozinha serve para adubar plantas. Alguns são ótimos para compostagem e adubação direta, enquanto outros podem atrair pragas ou até prejudicar suas plantas se usados incorretamente. Vamos esclarecer quais restos de cozinha você pode reutilizar no jardim e quais é melhor manter fora da terra:

✅ Pode usar como adubo natural:

  • Cascas e aparas de frutas, legumes e verduras: São ricas em nutrientes e matéria orgânica, perfeitas para a compostagem. Casca de banana, mamão, batata, cenoura, folhas de alface murchas, bagaço de frutas etc. Tudo isso se decompõe bem e vira alimento para as plantas. Dica: pique em pedaços menores para acelerar a decomposição e evitar mau cheiro.
  • Borra de café e chá: Como vimos, a borra de café contém nitrogênio e minerais, sendo ótima para misturar ao solo ou composteira. Os restos de chá (folhas soltas ou saquinhos de papel) também podem ir para o composto. Ambos adicionam matéria orgânica e atraem minhocas. Apenas evite excessos diretos no vaso para não acidificar demais.
  • Casca de ovo: Excelente fonte de cálcio para as plantas. Deve-se lavar, secar e triturar antes de usar. Pode incorporar no solo ou na composteira. As cascas ajudam a evitar deficiência de cálcio (problemas como “fim da flor” em tomates) e equilibram o pH do composto.
  • Restos de poda e folhas secas: Embora não venham da cozinha, valem mencionar. Folhas secas, galhinhos, grama cortada seca – são material “marrom” ideal para compostagem. Já folhas verdes e gramados recém-cortados podem ser usadas em pequenas quantidades (pois são ricas em nitrogênio, “verdes”). Sempre intercale verdes e secos no composto.
  • Arroz, pão e massas (em pouca quantidade): Itens cozidos ricos em amido podem ser compostados, mas com parcimônia. Em excesso podem atrair fungos indesejados ou animais. Se for colocar pão embolorado, por exemplo, enterre bem no composto e cubra com folhas secas. Nunca deixe exposto.
  • Papel toalha e guardanapos usados: Desde que não tenham gordura excessiva ou tinta, podem ir para compostagem (rasgados em pedaços). São fonte de carbono e ajudam a equilibrar a umidade. Caixas de papelão de alimentos (picadas) também servem como “secos”.
  • Ervas, borra de sucos e restos vegetais cozidos sem tempero: Se você fez um suco e sobrou bagaço (ex.: bagaço de laranja), ou cozinhou legumes sem sal/óleo (ex.: água do cozimento do espinafre), isso pode ser usado. O bagaço vai no composto; a água de cozimento (sem sal) pode esfriar e ser usada para regar plantas, pois contém nutrientes diluídos.

❌ Não use (ou use com muita cautela):

  • Carnes, peixes e frango: Não devem ir para a composteira ou vasos. Proteína animal se decompõe liberando mau cheiro forte e atraindo bichos como ratos, moscas varejeiras e baratas. Além disso, pode proliferar bactérias perigosas. Restos de ossos também demoram anos para sumir e não valem a pena.
  • Laticínios: Leite, queijo, iogurte, manteiga e derivados causam problemas parecidos com a carne no composto. Geram odor rançoso ao apodrecer e atraem insetos. Evite adicionar qualquer derivado de leite no adubo caseiro.
  • Alimentos gordurosos e frituras: Óleo de cozinha, gordura de carnes, restos de fritura, molhos muito gordurosos – nada disso deve ir para a terra. A gordura forma uma camada impermeável que dificulta a decomposição e ainda pode engordurar o ambiente, prejudicando minhocas e microorganismos. Descarte óleo de cozinha de forma adequada (em ponto de coleta) em vez de jogar no jardim.
  • Comida temperada/salgada: Sobra de arroz temperado, feijão, macarronada com sal e óleo – apesar de serem orgânicos, não são aconselháveis na compostagem doméstica. O sal em excesso é prejudicial às plantas e solos, e os temperos atraem pragas. Uma cenoura cozida com sal, por exemplo, não deve ir para o vaso. Resíduo orgânico cozido só pode compostar se for sem tempero nenhum.
  • Frutas cítricas em excesso: Cascas de laranja, limão, tangerina e demais frutas cítricas têm acidez elevada e podem atrapalhar a compostagem se colocadas em grande volume. Também demoram mais para se decompor. Pequenas quantidades até podem ir (picadas) – o ideal é distribuir ao longo do tempo. Ou então, há quem seque as cascas de cítricos ao sol e use em pó diretamente como repelente no jardim. Mas jamais despeje um monte de limões estragados de uma vez na composteira; isso pode acidificar e matar as minhocas. Moderação total aqui.
  • Alho e cebola: Cascas e restos de alho e cebola também devem ser limitados. Eles possuem compostos antimicrobianos que podem prejudicar as bactérias do composto e afugentar minhocas. Um pouquinho de casca de cebola aqui e ali não chega a estragar, mas não exagere. Evite jogar dentes de alho inteiros ou muita cebola.
  • Excrementos de pets: Fezes de cachorro e gato não devem ser usadas em adubo de hortas ou plantas que você consome, pois podem conter patógenos (bactérias, vermes) perigosos. Existe a compostagem específica para esses resíduos, separada, mas no jardim comum não use. Fezes de animais herbívoros (vaca, cavalo, coelho, galinha) podem ser ótimo esterco, mas precisam passar por compostagem adequada antes (nunca aplique frescas).
  • Cinzas de churrasqueira ou carvão tratado: Cinza de madeira pura em pequena quantidade pode fornecer potássio e elevar o pH do solo (usado com cuidado). Contudo, cinzas de carvão de churrasco geralmente contêm resíduos de gordura e sal das carnes, além de possíveis químicos do carvão – então não é recomendável jogar no canteiro. Se for usar cinza, use apenas de lenha sem sal e em porções mínimas, misturando bem ao composto.
  • Plantas/doenças ou ervas daninhas vivas: Restos de plantas doentes (com fungos, oídio, pragas) é melhor não compostar, para não espalhar a doença. Ervas daninhas com sementes ou raízes vigorosas também podem sobreviver à compostagem caseira e ressurgir onde você usar o adubo. Nesse caso, é “resto de jardim”, mas fica a ressalva.

Por que evitar certos itens? Principalmente para não criar um composto malcheiroso e atrair visitantes indesejados. Itens como carne, laticínios e óleos causam mau cheiro e infestação de moscas em poucos dias, estragando sua composteira. Além disso, algumas substâncias não se decompoem bem no ambiente caseiro e podem prejudicar as plantas (sal, gordura, ácidos em excesso). Lembre que a compostagem doméstica é diferente de usinas industriais – nosso sistema caseiro é menor e mais delicado, por isso precisamos cuidar do equilíbrio.

Dicas para sucesso:

  • Mantenha sempre uma proporção equilibrada de materiais “verdes” (restos de frutas/verduras frescos, ricos em nitrogênio) e “marrom” (folhas secas, serragem, papel, ricos em carbono) na compostagem. Isso garante que até itens “pode usar” não causem problemas.
  • Quando tiver dúvida sobre algum resto de cozinha, prefira compostar somente materiais de origem vegetal e não processados. Essa regra simples evita 90% dos erros.
  • Se mora em apartamento e não tem composteira, você pode levar restos permitidos para composteiras comunitárias ou usar serviço de coleta de orgânicos. E restos do tipo “não pode” devem ir pro lixo comum bem fechado mesmo.
  • Para quem cria galinhas ou minhocas, sobras como verduras e cascas podem servir de alimento direto para esses animais. Já restos proibidos como carne e queijo, evite dar até para pets, pois podem fazer mal – descarte seguro é melhor.

Seguindo essas orientações, você reutiliza com segurança os resíduos da cozinha sem prejudicar suas plantas. Compostar e adubar de forma correta traz um jardim viçoso e consciente. 🌿 Separe o que pode virar nutriente e descarte corretamente o que não deve ir pra terra. Assim, seu cantinho verde ficará saudável e livre de inconvenientes!

Fonte: Verdejando BSB

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *