Uma das preocupações de quem faz compostagem ou aduba plantas com restos orgânicos em casa é: vai ficar fedido ou cheio de moscas? 😰 A boa notícia é que, seguindo algumas práticas simples, dá para evitar mau cheiro e minimizar a presença de insetos na sua composteira ou adubo caseiro. Confira as dicas de ouro para um adubo natural sem inconvenientes:
1. Equilibre os ingredientes (proporção verde/marrom): O mau cheiro na compostagem costuma ser sinal de muita matéria úmida e pouco material seco. Restos de frutas, legumes e outros “verdes” são ricos em nitrogênio e, se em excesso, entram em decomposição anaeróbica (sem ar), exalando odor de podre. Para evitar isso, sempre adicione matéria “marrom” seca (folhas secas, serragem, papel picado) na mesma proporção ou em dobro para cada porção de restos frescos. Esse material seco absorve a umidade excessiva e permite passagem de ar, evitando a putrefação malcheirosa. Uma regra prática: cobriu toda a superfície dos restos úmidos com uma camada de secos? Então está balanceado.
2. Mantenha a composteira aerada: Oxigênio é o melhor amigo de um composto cheiroso. Sem ar, as bactérias que trabalham produzem gases ruins (metano, enxofre) que fedem. Por isso, garanta ventilação: use composteiras com furos de ar ou revolva (remexa) o conteúdo a cada semana no caso de composteira em tambor ou monte. No minhocário, não precisa revirar muito (as minhocas já fazem túneis e aeram), mas você pode afofar levemente a camada superior de vez em quando. Se notar cheiro forte, dê uma boa mexida no material para arejar e quebre eventuais placas compactadas. E nunca deixe a composteira totalmente fechada sem troca de ar – tampas devem ter respiros ou ficar entreabertas se for seguro.
3. Controle da umidade: Compostagem ideal é úmida como uma esponja torcida. Excesso de água gera chorume fétido e ambiente anaeróbico; falta de umidade paralisa a decomposição e pode atrair formigas. Então regule: se ao apertar um punhado de composto saem gotas, está molhado demais – adicione serragem, papel ou materiais secos e mexa para absorver o líquido. Se o monte está seco (materiais duros sem decompor), borrife um pouco de água ou acrescente mais resíduos verdes. Mantenha a composteira protegida de chuva forte (para não encharcar) e do sol intenso (para não secar e matar microorganismos). Em suma, umidade sob controle = menos cheiro.
4. Sempre cubra os resíduos frescos: Essa dica vale ouro contra moscas-das-frutas (drosófilas) e outros insetos. Toda vez que colocar restos de comida na composteira, cubra completamente com terra seca, serragem ou folhas. Nenhum pedacinho de casca deve ficar exposto. As mosquinhas são atraídas por frutas em decomposição e vão botar ovos nelas se encontrarem acesso. Ao cobrir, você dificulta isso. Além disso, uma camada de material seco por cima atua como filtro de odor, reduzindo cheiros que atrairiam moscas. Se usar serragem, escolha não-tratada e sem pó químico; fibra de coco úmida também funciona bem como cobertura. Mantenha a tampa fechada; se ainda assim aparecerem mosquinhas quando você abre, avalie se está cobrindo direito e equilibrando a umidade.
5. Não coloque itens proibidos (carne, gordura, etc.): Conforme detalhamos no post anterior, resíduos de origem animal e muito gordurosos são campeões em gerar mau cheiro. Carne estragando cheira mal demais e enche de varejeiras (aqueles moscones verdes) rapidamente. Óleo e gordura rançosa também fedem. Então evite totalmente esses itens na sua compostagem doméstica – é garantia de uma composteira muito mais estável e sem fedor. Foque em resíduos vegetais, que têm cheiro bem mais suave ao decompor (cheiro de terra ou de fruta fermentando de leve, nada comparado a proteína podre).
6. Atenção aos recipientes e local: Se você faz compostagem em balde ou caixa, use recipientes adequados com tampa. Uma composteira caseira bem vedada (mas ventilada) impede que aromas escapem livremente e que insetos entrem para botar ovos. Muitos optam por baldes com tampa de rosca ou caixas com fechos. Apenas lembre das entradas de ar. Colocar tela fina nos furos de ventilação ajuda a barrar mosquitinhos. Quanto ao local, prefira deixar a composteira em área aberta, bem ventilada, ou varanda. Evite locais confinados sem circulação de ar (porão fechado, quartinho) – não porque vá cheirar forte se estiver bem feita, mas por precaução e para os microorganismos terem ar.
7. Técnicas anti-mosca adicionais: Se mesmo com cuidados aparecerem moscas-das-frutas, você pode lançar mão de alguns truques:
- Armadilha caseira: Pegue uma garrafa pet, coloque um pouco de vinagre de maçã e pedaços de fruta, faça um funil de papel na boca (entrada fácil, saída difícil). As drosófilas serão atraídas e ficarão presas lá. Coloque essa armadilha perto da composteira para capturá-las.
- Spray de capim-limão: Faça um chá bem forte de capim-limão (erva-cidreira) e borrife dentro da composteira – o cheiro afasta drosófilas. Só não encharque o composto com o líquido; borrife moderadamente na superfície.
- Cal virgem ou terra seca: Polvilhar uma fina camada de cal agrícola ou mesmo terra comum por cima da composteira pode sufocar larvas de mosca que eventualmente apareçam na superfície. Use pouca quantidade e misture depois no composto (a cal também ajuda a reduzir acidez). Importante: se usar cal, manuseie com cuidado e evite excessos, pois alcaliniza o composto.
- Manjericão ou hortelã próximos: Há quem coloque vasos de hortelã, manjericão ou arruda perto da composteira, alegando que o aroma dessas plantas ajuda repelir moscas. Mal não faz e pode contribuir.
8. E se já está com mau cheiro? Calma, dá para salvar: identifique se há muito material úmido em decomposição sem aeração. Remédio clássico: abra sua composteira e misture bastante material seco (folhas, serragem) ao conteúdo, revirando para incorporar . Deixe a tampa aberta por algumas horas em local ventilado para liberar gases acumulados (se possível, ao sol para secar um pouco). Suspenda novas adições de resíduos por uns dias, deixando o processo estabilizar. Após uns 2-3 dias você já deve notar que o odor forte sumiu. A partir daí, retome adicionando restos gradualmente e sempre cobrindo com secos. Esse procedimento geralmente resolve situações de cheiro ruim.
Seguindo todas essas práticas, sua compostagem e adubação natural serão praticamente inodoras – apenas aquele cheirinho terroso agradável quando você mexe no húmus. E quanto aos insetos, você verá pouquíssimas mosquinhas se fizer tudo certinho, e elas não vão incomodar. No fim das contas, compostar em casa não precisa ser sinônimo de sujeira ou mau cheiro. Pelo contrário, é um processo limpo e controlado quando a gente entende os princípios. Cuide do equilíbrio do seu adubo natural e colha os frutos: plantas felizes, ambiente sem poluição e menos lixo na lixeira! 🌻🐛
Fonte: Verdejando BSB