As abelhas sem ferrão, também chamadas de meliponíneos, são algumas das espécies mais importantes para a preservação do Cerrado. Apesar de pequenas e discretas, elas carregam um papel gigantesco: são responsáveis por grande parte da polinização das plantas nativas, garantindo que árvores, arbustos e frutos continuem se reproduzindo e sustentando a biodiversidade da região.
No Cerrado, diversas espécies se destacam pela abundância e pelo comportamento fascinante. Entre elas estão a mandaçaia (Melipona quadrifasciata), conhecida por suas listras amarelas marcantes; a jataí (Tetragonisca angustula), extremamente dócil e ideal para meliponicultura urbana; a manduri (Melipona marginata); e a charmosa uruçu-amarela, que produz um dos méis mais aromáticos do bioma.
A relação dessas abelhas com as plantas do Cerrado é profundamente interdependente. Muitas árvores e arbustos da região dependem exclusivamente delas para completar seu ciclo reprodutivo. Espécies como o pequi, a cagaita, o pau-terra, o barbatimão, o murici e inúmeras flores campestres só se reproduzem com eficiência graças à polinização realizada por abelhas sem ferrão.
Além disso, os meliponíneos possuem uma característica única: são excelentes navegadoras mesmo em ambientes de clima extremo, como o Cerrado na estação seca. Elas visitam flores pequenas, discretas e de perfume suave — muitas vezes ignoradas por outras espécies de polinizadores — garantindo assim a manutenção de plantas que fazem parte da base alimentar de aves, pequenos mamíferos e insetos.
Proteger as abelhas sem ferrão é, portanto, proteger todo o Cerrado. Incentivar a meliponicultura, evitar o uso excessivo de agrotóxicos, preservar áreas de vegetação nativa e plantar espécies melíferas são ações simples que ajudam a garantir o futuro dessas pequenas guardiãs do bioma. Quem escolhe criar ou proteger abelhas sem ferrão, escolhe também preservar água, solo, fauna e flora.
Fonte: Verdejando BSB

